sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Morador se revolta e arromba cadeado do Campo de São Bento

Portão foi lacrado pouco depois, mas o protesto ganhou a simpatia de frequentadores do espaço. Secretário Wolney Trindade, entretanto, diz que manterá fechamento



O fechamento dos portões laterais do Campo de São Bento, em Icaraí, não para de gerar polêmica. Nesta quinta-feira, a novela teve mais um episódio, protagonizado por um cidadão indignado com a medida adotada pelo secretário municipal de Segurança Pública e Controle Urbano, Wolney Trindade. O niteroiense identificado apenas como Julio, diante da recusa do Município ao apelo público de reabertura dos portões, resolveu tomar uma atitude extrema, e serrou, às 10h, o cadeado que trancava o acesso da Rua Domingues de Sá, liberando, mesmo que temporariamente, a passagem a outros moradores do bairro, que apoiaram a iniciativa.
A alegria, no entanto, durou pouco, por volta das 10h30, guardas municipais trancaram novamente o portão, reacendendo a revolta da população.
“Faço esse caminho todos os dias para ver minhas filhas. Sou atleta e não me importo de caminhar mais um pouco, mas o que me indigna é ver que outras pessoas simplesmente não podem fazer isso. São idosos, deficientes físicos, hoje (ontem) mesmo, vi uma senhora com um andador, imagina ter que fazê-la dar uma volta no quarteirão para utilizar um espaço que tem direito como cidadã que paga seus impostos. E tirar-lhe esse único lazer é injusto. Só fiz valer a vontade do povo”, justifica Julio.
O aposentado Regino Frota, de 65 anos, concorda.
“É uma vergonha o que está acontecendo. Idosos e cadeirantes estão sendo obrigados a dar a volta em um quarteirão movimentado, em uma calçada estreita, por causa de uma medida baseada em justificativa esdrúxula. Ora, se o problema é a falta de segurança, que se aumente o efetivo da guarda municipal, que raramente é vista nos portões de acesso, mesmo os abertos, ou circulando no interior do parque. Os guardas só aparecem quando a população resolve tomar uma atitude como a de hoje”, desabafa o aposentado.
Julio conta que a ação foi, inclusive, comunicada previamente à administração do espaço, que nada fez para impedi-lo.
“Quando percebi a arbitrariedade que estava sendo cometida, fui à administração reclamar. Lá eles me disseram que nada poderiam fazer porque era ordem do secretário fechar os portões laterais. Esperei dois ou três dias e, como o problema persistia, fui lá novamente e avisei que cortaria hoje (ontem), às 10h, os cadeados. E foi o que fiz, sem que ninguém me impedisse. Já estava até preparado para ser preso, pois queria ficar cara a cara com esse secretário e cobrar explicações plausíveis para essa medida, mas isso não aconteceu”, relata.
A professora Ana Célia Portela não esconde sua decepção com o Executivo municipal.
“Estou me mudando para um apartamento aqui em frente com o intuito de usufruir desse espaço público tão bonito e me deparo com essa situação. Tenho três filhos pequenos, e para mim fica complicado ter que fazer um percurso maior com eles. O prefeito precisa intervir nessa decisão”, propõe a professora Ana Célia Portela, 34 anos.
Enquanto a decisão de manter os portões fechados é mantida, cartazes com pedidos de exoneração do secretário Wolney Trindade, não param de ganhar espaço em suas grades.
Conforme O FLUMINENSE noticiou ontem, o Ministério Público já se manifestou através da Promotoria de Tutela Coletiva de Defesa da Cidadania de Niterói, abrindo inquérito para investigar se Wolney Trindade cometeu abuso de poder ao fechar os portões. Ontem à tarde, o secretário informou que ainda não havia sido notificado e que não comentaria o assunto.
“Eu não fechei o Campo de São Bento, os portões da Roberto Silveira e Gavião Peixoto permanecem abertos. E os laterais só ficam fechados de segunda a sexta-feira, por questões de segurança. Quem está reclamando deveria ir ao Campo de Santana, no Rio, por exemplo, para ver se todos os portões estão abertos”, declara.
Quanto ao cadeado serrado, Wolney afirma que se trata de depredação do bem público e que o morador poderia ser preso e processado. 

Do O  Fluminense

Comentário da Lourdes:
Tinha que arrombar o Wolney, aquele arrombado!

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